Características do gênero anúncio publicitário:
A mensagem publicitária para ser eficiente tem a necessidade de difundir determinada marca criando-lhe uma imagem clara e duradoura. Para Citelli (1985), essa mensagem precisa ser correta para persuadir o consumidor a preferir uma marca em detrimento de outra, motivando-o a comprar o produto. Portanto, despertar a atenção, o interesse, o desejo de compra, levando o receptor a comprar o produto é o objetivo principal do emissor. Para isso, a propaganda para produzir resultados positivos, deve cumprir corretamente a sua função de comunicar e informar. Isso significa que se deve levar em conta os seguintes aspectos: se causou impacto e despertou o interesse (difundiu); se despertou o desejo de possuir o produto ou serviço (persuadiu) ;se incutiu credibilidade e levou à compra (motivou).
Observa-se que a mensagem publicitária é um conjunto de ideias transmitidas ao receptor através de um conjunto de mídias. Segundo Jakobson (1971), para ser eficaz deve estar dirigida à audiência alvo o que significa conhecer as necessidades desse público, suas expectativas em relação ao produto e a linguagem cabível a ser empregada.
Na comunicação oral, compõe-se de palavras, música e sons; na comunicação visual, essencialmente do texto lingüístico e da imagem (ilustração e cor); e na comunicação áudio-visual é constituída pelas duas primeiras mais o movimento.
Em se tratando de texto publicitário científico, o aspecto mais relevante a ser abordado é que as afirmações gerais devem ser evitadas. Quanto mais específica e definida for a mensagem maior e melhor será a força dos argumentos empregados. Portanto, a mensagem nunca deve mentir, principalmente porque terá um público receptor informado e eficiente.
Se entendermos que existem características específicas para o estilo propagandístico ou publicitário, entendendo-se como estilo as marcas próprias desses textos, verificaremos que há muitas especificidades na construção desse tipo de gênero textual. Uma das características é a organização em frases curtas e muitas vezes incompletas, dando margem à imaginação do leitor. Por exemplo, “ Neston Barra. Sua academia de bolso. Neston. Mil maneiras de ser saudável.” (Superinteressante, maio de 2001). Pode-se observar que esse traço estilístico é bastante frequente no texto publicitário. É claro que as variedades de estilo têm a capacidade de sugestionar e emocionar mediantes determinados processos e efeitos. Nem sempre seguem as normas padrões, pelo contrário, tentam agredir a linguagem com desvios que chocam e chamam atenção.
Além dessa característica, segundo Sandmann (1997), podem-se registrar aspectos especialmente criativos, com destaque aos chamados desvios gramaticais. São eles:
a) variação lingüística – adaptação da fala ou da escrita ao contexto ou situação. Mais formal, menos formal, coloquial, científica, gíria, etc. Por exemplo: “ Pense mais em você, sua bobona.” (Desfile, março de 1991)
b) empréstimo linguístico – uso de termos ou expressões estrangeiras no lugar de termos da língua materna. Por exemplo: “ No Big shopping center, você encontra várias griffes”. ( Encarte promocional , dezembro de 2000)
c) aspectos ortográficos – jogos com a grafia em que se pretende causar efeitos expressionais, com a função de valorizar as letras ou chocar com as palavras. Por exemplo: “Paralização dos servidores técnico-administrativos da UFSM”. ( Cartaz, julho de 2001)
d) aspectos fonológicos – brincadeiras com a rima, o ritmo, a aliteração e a paronomásia , procurando salientar o aspecto poético do som das palavras. Por exemplo: “ Pick up FORD, raça FORTE” ( Comercial de TV, 2001)
e) aspectos morfológicos – emprego de cruzamentos vocabulares, prefixações, sufixações, abreviações, etc., para compor uma nova palavra ou para realçar a intensidade ou aumento do sentido. Por exemplo: “ Passe na Pampeiro e compre seu zerinho.”( Comercial de TV, 2001)
f) aspectos sintáticos – uso de combinações típicas da linguagem da propaganda, tais como, recursos estilísticos ou expressivos com simplicidade estrutural. Por exemplo: “ Pensou cerveja, pediu Brahma” ( Comercial de TV), ou “ Um fica o tempo todo na água. O outro não sai ”. ( Loção protetora solar NIVEA , Cláudia, janeiro de 2001)
g) aspectos semânticos – emprego da polissemia ou ambigüidade. Jogos com as palavras para entreter o destinatário, desafiá-lo a entender a mensagem e prender sua atenção. Por exemplo: “ Relógio que atrasa, não adianta. Classifolha. Pontualmente toda quinta, sábado e domingo”. ( Folha, setembro de 1991), ou “ Isso é da sua conta. Tudo que você precisa saber sobre o seu banco”. ( Folheto Bamerindus)
h) aspectos contextuais – composição do texto publicitário: título, texto e assinatura. São as informações sobre quem produz o texto e o assunto a ser tratado. Por exemplo: “ Não deixe a natureza ir embora” (título). “ Pássaros, plantas e animais que sempre habitaram nossas florestas estão sendo extintos ou isolados em pequenas manchas verdes....” (texto). Instituto Ambiental Vidágua e Fundação S.O.S. Mata Atlântica (assinatura). (Superinteressante, maio de 2001)
Um dos princípios do estudo com o gênero publicitário é mostrar que as estratégias de produção desse tipo de texto estão amparadas nos recursos retóricos e icônicos de persuasão. Para tanto, deve-se ensinar que a propaganda é um apelo, um vínculo entre o anunciante e o consumidor.
Para se definir os argumentos objetivos é preciso partir-se de informações exatas (dadas pelas pesquisas), só então deve ser feita a seleção dos signos lingüísticos. A pesquisa de seleção parece ser fácil, mas agora é que vem a questão: quais os recursos retóricos a serem usados para estimular o interesse por um serviço ou a compra de um produto?
Além dos recursos estilísticos e criativos vistos acima, entram aqui os conhecimentos linguísticos, tais como:
a) a seleção lexical, objetivando uma linguagem direcionada a um determinado público, com termos específicos, claros e concisos. Por exemplo: “ Pais habilidosos merecem o maior incentivo. Dê Bosch de presente. “ ( Encarte do dia dos pais das lojas Ponto Frio – agosto de 2001)
b) o uso de tempos verbais (principalmente o imperativo), persuadindo com a forma direta do verbo (compre, use, lave, limpe, viaje, etc. ). Por exemplo: “ Ligue e assineZero Hora, julho de 2001) um jornal completo.”
c) o uso de escalas e operadores argumentativos (até, inclusive, aliás, já, também, mas, etc.), levando o receptor a adotar definições. Por exemplo: “ Tantas opções, com estes preços, só no Ponto Frio.” ( Encarte do dia dos pais das lojas Ponto Frio – agosto de 2001)
d) o emprego de figuras de linguagem (metáforas, metonímias, hipérboles, etc.), para fazer comparações, relações ou ativar o conhecimento prévio. Por exemplo: “ Os modelos e as condições que você tanto desejava estão esperando por você no coração do Rio Grande. Venha logo buscar o seu Renault.” ( A Razão, julho de 2001)
e) o uso de modalizadores ( com certeza, necessariamente, é preciso, acredito que, etc.), para sinalizar o modo de quem fala ou escreve frente ao que declara. Por exemplo: “ Ford Ka. Certamente rápido, muito rápido.” ( Superinteressante, julho de 2001)
É claro que os argumentos objetivos, por si só, não bastam pois é preciso mostrar vantagens do ponto de vista do consumidor. Aqui é que entram os argumentos subjetivos que consistem em saber quais serão as reações do receptor. Portanto, é de importância capital o professor e os alunos identificarem o que o imaginário consumidor pensa a respeito do produto a ser oferecido. É necessário conhecê-lo em suas características geográficas, demográficas e psicológicas para após a definição do tema, dirigir sua linguagem a esse público específico.
Outro aspecto relevante é que a linguagem publicitária faz uso também dos signos não-verbais ou icônicos como uma grande força de expressão e persuasão. Em alguns casos, a ilustração é auto-suficiente para conseguir os objetivos que se pretende obter. Em outros, ela só não basta, então é necessário recorrer aos signos não-verbais. Apesar disso, na história publicitária é possível notar a importância, sempre crescente, concedida à ilustração, demonstrada pelo percentual que ocupa no conjunto do espaço útil do anúncio ou quaisquer peça gráfica.
Como fator de atenção, a ilustração colocada junto ao título é um fixador da vista. A cor é o primeiro elemento da ilustração susceptível de atrair a visão. Cada cor pode atuar pela tonalidade, claridade, saturação, superfície que ocupa e contraste com as cores vizinhas, principalmente o fundo. A forma exterior é o segundo elemento de atenção.
Como fator de memorização do anúncio, a ilustração contribui para a identificação do produto, isto é, para distingui-lo dos produtos concorrentes e calcá-lo na memória do leitor, favorecendo as associações de idéias com o conhecimento prévio, conhecimento partilhado ou conhecimento de mundo. Temos exemplos nos comerciais de bebidas como da Coca-cola, Antártica , Brahma, etc.
Como fator de credibilidade, a ilustração se destina a mostrar o resultado da ação do produto. Temos exemplos nos comerciais de sabão em pó, em que as roupas são lavadas para mostrar o antes e o depois do uso do produto.
É importante frisar que enquanto algumas pessoas acreditam no que está impresso, uma grande maioria acredita no que vê, e não precisa ser uma prova científica, mas apenas uma aparência da prova de verdade que se quer transmitir.
Podem-se distinguir, assim, algumas funções pertinentes à semiótica da ilustração:
a) aumentar o índice de atenção do anúncio;
b) tornar o anúncio mais aprazível à vista;
c) induzir à leitura do texto;
d) estimular o desejo pelo produto anunciado;
e) engrandecer o produto anunciado;
f) demonstrar ou reforçar afirmações feitas no texto;
g) identificar o produto ou a marca;
h) formar atmosfera adequada.
Observa-se que a ilustração desperta o desejo pelo objeto anunciado através do seu poder de evocar idéias e lembranças, pela sua faculdade de despertar sensações, e acima de tudo pelo estímulo sutil, de ordem emotiva, que desencadeia os interesses que são as molas da ação.
Juntamente com a ilustração, o material auxiliar, o logotipo, a marca e o espaço em branco formam os aspectos gráficos de um anúncio ou de uma peça gráfica. Deve-se lembrar que não só a linguagem como também a psicanálise usam o inconsciente como fonte de formação do discurso. É interessante estabelecer, analogicamente, o nível de relacionamento que há entre sujeito e linguagem. O que importa é trabalhar no limite do texto levantando-se as suas verdades escondidas através de técnicas que objetivam salientar o inconsciente humano nele (texto) contido.
Como se pode notar há um estreito relacionamento entre signo, ideologia, intencionalidade e determinação da construção do discurso persuasivo. Nessa proporção, percebe-se que a linguagem da propaganda se dota de signos marcados pela superposição, isto é, são signos colocados como expressão de verdades que tem como fim último convencer ou alterar comportamentos já estabelecidos.
muito útil,explicativo e abrangente.
ResponderExcluirO poder de convencer o consumidor (Capitalismo).
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