• Livro: Memórias de um Sargento de Milícias

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Asssim... "Norminha" passa mal!!!!!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

MAS x MAIS

 
 
 
 
 
O genial escritor Guimarães Rosa, que renovou a narrativa literária brasileira, desconstruindo o modo de narrar estórias, escreveu  Desenredo, um conto com inúmeros neologismos e regionalismos. O grande marco da inovação foi o uso do mas e mais, de forma diferente de até então, delineando o limite entre ambos.

Contando o caso de Jô Joaquim, em determinado ponto, ele coloca um parágrafo apenas   com MAS, para introduzir elementos contrários ao que disse. Depois de outros tantos parágrafo, surge MAIS, também solto, para acrescentar informações novas. Com isso, deu uma verdadeira aula de Português, sem citar regras e colocando um divisor de águas entre os dois termos.

Magis, do latim, passou para o português com dupla personalidade, assumindo as duas formas: mais, que significa adição, e mas, que marca uma advertência com argumento contrário. A forma como pronunciamos o S já é motivo de confusão pois dá a impressão de que vem ao lado de I. Por isso muitos escrevem : Partiu mais não deixou saudades.

O contrário, trocar mais por mas, é raro. Em algumas regiões brasileiras pronuncia-se a conjunção adversativa mas, com ligeira nasalação. A pronúncia, embora não canônica, previne o desvio da escrita. Outro uso equivocado na fala popular é mais com valor de com: "Eu vou mais tu" por "Eu vou contigo". Na fala popular, o S é engolido e diz-se mai.

Mais também serve como reforço à negação: Não quero mais. Não vou mais. Jamais é também parente, vindo latim iam +magis.

Quanto ao mas, ele é, por excelência, um operador argumentativo, que introduz um argumento contrário ao que já foi dito: Votei em X , mas me arrependi. Apesar de adversativa pode ser usada para introduzir uma pergunta: Mas, como vai seu pai?

Indica , algumas vezes, dúvida ou suspensão de pensamento, sobretudo se acompanhada de reticências : Gostaria de ir à festa , mas não sei se devo. Ele será reconduzido, mas.... Segundo Othon Garcia, mas acentua fortemente a oposição e quase incompatibilidade de idéias: Acabou o tempo das revoluções mas começou o tempo das revelações.

Segundo Celso Cunha, sempre aparece no começo da oração e pode ter valor de restrição: Ele foi convocado, mas para serviço temporário. Também é usado com valor de retificação: O senador está agitado mas disfarça. É usado para mudar a sequência de um assunto, suspendendo o anterior, na fala e na escrita. Agradeço sua atenção, mas como está de saúde?

Apesar de usos tão variados, mas não equivale à aditiva e, pois enquanto esta (e), sendo aditiva, soma, aquela (mas), sendo adversativa, não o faz .

Vejamos o último exemplo: Os presos não terminaram a educação básica e 60% deles estão desempregados. Trocando-se o e pelo mas, a frase perde o sentido. No entanto, esta troca equivocada é de uso frequente na fala e na escrita, atingindo por vezes a redação das  noticias. Como lembra Othon Garcia, e foi dito acima, MAS não pode equivaler a E, pois acentua a oposição e não pode significar adição.O conhecimento de detalhes da língua facilita a compreensão do leitor e garante o fluxo do texto.

Vamos tomar lições com Guimarães Rosa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

É...poesia....e a guerra continua....



Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Oswald de Andrade
(1890-1954)

Na poesia moderna..."norminha" vai de Bebiribe - Derby!!!