• Livro: Memórias de um Sargento de Milícias

domingo, 20 de junho de 2010

Opinião!!!!

Cláudio Tozzi Pelé

FUTEBOL NO BRASIL

O futebol, principalmente a partir dos anos 60, foi tachado por muitos intelectuais, em geral de esquerda, de ser utilizado pelo Estado para distração, alienação das massas, como um dos “ópios” do povo, para assim mantê-lo desligado das decisões políticas. Essa crítica ao futebol se acentuou durante o período da ditadura militar, quando a conquista do tri-campeonato mundial pelo Brasil ocorreu simultaneamente ao acirramento da repressão militar e ao ufanismo do “milagre brasileiro”, desenvolvimento econômico aparente promovido pelos militares.


Podemos dizer que essa visão é coerente e que a alienação promovida pelo futebol não se restringiu ao período militar. Na “democracia” instalada em seguida, podemos ver a força com que o futebol distrai as massas. E agora, temos mais um fator: a consolidação da exploração do futebol pelo consumismo. As técnicas de marketing utilizam muito bem as paixões dos torcedores por seus clubes e ídolos.

Mas por outro lado, o futebol, no caso do Brasil, traz em seu seio uma íntima relação com os brasileiros negros, mulatos, brancos e pobres de periferia. O futebol foi implantado no Brasil, na virada do século XIX para o XX, como um esporte das elites, seguindo uma onda da época para imitar os padrões europeus de lapidação física. Por ironia do destino e algumas relações peculiares entre as características desse esporte e das massas pobres brasileiras, estas foram se apropriando do futebol e dando-lhe sua cara, com a ginga, a criatividade, a alegria e espontaneidade desse povo sofrido, negro, mulato, mestiço. E graças a esta ginga e criatividade, o Brasil conseguiu a hegemonia mundial nesse esporte.

E tradicionalmente, indivíduos pobres, mestiços, brancos ou não, têm alcançado realização pessoal e auto-estima, através do futebol e também da música e da cultura, artes intimamente ligadas com esse esporte. Essa cultura popular foi se transformando numa espécie de identidade brasileira, rejeitada por muitos, sob acusação de que é um estereótipo, uma caricatura de Brasil.

Esse é o grande dilema que temos frente a esses elementos da cultura popular brasileira. Além da alienação política, corre-se o risco de o Brasil continuar sendo bom só nisso, a velha máxima do país do futebol e carnaval. E internamente, os negros e pobres continuarem tendo hegemonia, mas só como jogadores de futebol e cantores de samba (hoje, pagode).

O futebol traz em si esta dicotomia: pode ser ao mesmo tempo libertário e alienante. Pode significar auto-estima e oportunidades aos excluídos, mas pode também limitá-los. Eu acredito que o futebol, a música e a cultura podem ser melhor explorados em sua relação espontânea com as massas e como identidade brasileira. Porém, com o cuidado de não restringir o povão só a isso, mas usar esta relação como um trampolim de autoconfiança, para se galgar outras conquistas.
Odlareg Otarakak

COPA DO MUNDO!!!


Todos os olhos estão voltados para o continente africano. Por conta da Copa do Mundo 2010 na África do Sul. O continente mais pobre do planeta está em destaque na imprensa mundial. Porém, será por pouco tempo, mais precisamente o tempo que durar a Copa. Depois voltará a ser como era antes: só os gigantes do PIB, realmente, interessam.

sábado, 5 de junho de 2010